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Espetáculo de narração oral onde a improvisação e a performance criativa andam de mãos dadas, permitindo jogar com significados e símbolos presentes nas histórias e na vida através da observação do mesmo acontecimento de várias perspectivas. A música torna-se uma aliada valiosa na criação de situações, de memórias sonoras e de estados de espírito.

 

Partindo do estudo dos contos de fadas e da iconografia presente nas ilustrações que acompanham ao longo dos tempos os textos clássicos de Perrault e irmãos Grimm, bem como as reinterpretações que autores contemporâneos têm desenvolvido sobre o tema,  refletimos sobre o papel do feminino na sociedade e o papel do masculino como ameaça à emancipação feminina.

 

Pretendemos compreender a mutação simbológica que o conto tem sofrido segundo a evolução da História da humanidade, bem como segundo as perspetivas culturais que o abordam. O nosso objetivo será situar o conto na contemporaneidade, a pertinência da sua atualidade e da sua função na construção social e educativa da criança e do adulto do século XXI.

 

Seguindo esta linha de análise, debruçamo-nos sobre a semiologia das personagens e encontramos o facto de o lobo ser constantemente abordado nos contos como uma “ameaça” ao equilíbrio social. Esta leitura é feita desta forma em várias culturas, o que se deve, sobretudo, à forma inteligente e organizada que o animal canídeo possui de ser marginal, de conseguir subsistir em condições adversas e possuir o dom natural da adaptabilidade ao meio circundante. No Algarve, o lobo (no caso peninsular, o lobo ibérico) desaparece entre as décadas de 30 e 50 do século XX, coincidindo curiosamente com a instalação do sector turístico na região. E, com a transumância balnear desde a década de 50 e suas novas abordagens aos espaço social, chegam ao território algarvio novos “lobos”, novos medos e transformações na esfera do quotidiano, que transformam a sociedade algarvia para sempre. Assim, o lobo ibérico passa de ameaça a vítima, assim como nos dias de hoje sofre o lince ibérico, escondido nas serras do Algarve, lutando pela sua sobrevivência de ex-predador e recente presa.

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